Tribunal de Justiça paulista fez o adiantamento para desembargador arrumar apartamento - 09 de janeiro de 2012 | 7h 38. Fausto Macedo, de O Estado de S.Paulo
Chuva de verão foi a justificativa que o desembargador Celso Luiz Limongi usou para solicitar pagamento adiantado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), em 2010. O temporal, argumentou o magistrado, alagou sua cobertura no bairro do Campo Belo, na zona Sul.
Ele resgatou R$ 150 mil na ocasião, recurso que afirma ter usado para cobrir despesas com reparos no apartamento. Hoje aposentado, ele calcula que ainda tem créditos a receber da corte superiores a R$ 1 milhão, especialmente de férias.
"Não parava de chover, foi uma violenta tempestade que inundou tudo e apodreceu até os guarda-roupas de dois dormitórios", conta Limongi, que entre 2006 e 2007 presidiu o TJ paulista, maior corte do País, reduto da resistência ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Na semana passada, a presidência do TJ divulgou que entre 2006 e 2010 dois desembargadores receberam R$ 1 milhão cada por meio de pagamento antecipado, modelo de desembolso que está sob suspeita do CNJ.
O TJ não revelou os nomes dos beneficiários. Apenas citou que tais liberações se deram naquele período de cinco anos, quando a corte foi dirigida sucessivamente por Limongi, Roberto Vallim Bellocchi e Antonio Carlos Vianna Santos, que morreu há um ano.
Os supercontracheques dos magistrados são construídos a partir de acúmulo de períodos de férias em aberto, compensações por atraso na concessão de auxílio-moradia e outras vantagens que os tribunais oferecem.
Segundo Limongi, em sua gestão foram feitos pagamentos a mais para juízes que passavam necessidades. "Uns R$ 50 mil, R$ 60 mil, mas para juízes em situação excepcionalmente dramática e, ainda assim, em prestações, de R$ 10 mil ou R$15 mil, duas, três vezes. Atendi pessoas necessitadas, com problemas de saúde, e funcionários também."
Sobre o seu embolso, ele conta: "Fiz um pedido fundamentado. Moro numa cobertura que não tem nada de luxuosa. Lembra as chuvas de janeiro de 2010? Não parava de chover. Acabou com o meu apartamento, estragou os móveis. Eu não tinha condição com o meu ordenado de arcar com uma reforma para consertar os vazamentos todos. Chovia de vazar para o 17.º andar do prédio (ele mora no 20.º). Pedi e o Vianna pagou uma parte".
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Sendo o Brasil um país republicano e democrático fiel aos princípios da igualdade e da harmonia entre os Poderes, não poderia o Executivo fazer o mesmo para seus servidores receberem adiantamento de pagamentos e precatórios vencidos. Ou o Judiciário é separado do Estado?
O dia em que a Justiça Brasileira se tornar sistêmica, independente, ágil e coativa, e com Tribunais fortes e juízes próximos do cidadão e dos delitos, o Brasil terá justiça, segurança e paz social.
"A Função Precípua da Justiça é a aplicação coativa da Lei aos litigantes" (Hely Lopes Meirelles)- "A Autoridade da Justiça é moral e sustenta-se pela moralidade de suas decisões" (Rui Barbosa)
MAZELAS DA JUSTIÇA
Neste blog você vai conhecer as mazelas que impedem a JUSTIÇA BRASILEIRA de desembainhar a espada da severidade da justiça para cumprir sua função precípua da aplicação coativa das leis para que as leis, o direito, a justiça, as instituições e a autoridade sejam respeitadas. Sem justiça, as leis não são aplicadas e deixam de existir na prática. Sem justiça, qualquer nação democrática capitula diante de ditadores, corruptos, traficantes, mafiosos, rebeldes, justiceiros, imorais e oportunistas. Está na hora da Justiça exercer seus deveres para com o povo, praticar suas virtudes e fazer respeitar as leis e o direito neste país. Só uma justiça forte, coativa, proba, célere, séria, confiável, envolvida como Poder de Estado constituído, integrada ao Sistema de Justiça Criminal e comprometida com o Estado Democrático de Direito, será capaz de defender e garantir a vida humana, os direitos, os bens públicos, a moralidade, a igualdade, os princípios, os valores, a ordem pública e o direito de todos à segurança pública.
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