ZERO HORA, 28 de maio de 2012
MORTE DE POLICIAL. Solta, mandante de crime vira foragida. Justiça decretou prisão de mulher um dia depois de ordenar sua soltura - CAROLINA ROCHA
Ela confessou ter mandado matar o namorado, esteve detida, mas ganhou a liberdade da Justiça horas depois. Na quinta e na sexta-feira, com pedido de prisão na mão, policiais não encontraram Odete Bortolini, 54 anos. Hoje, seis dias depois do crime contra o policial aposentado Ari Schuck, a mulher é considerada foragida.
Odete foi presa em flagrante na noite de terça-feira, dia 22, após revelar ter contratado dois homens para matar seu companheiro durante a madrugada anterior. Schuck, 60 anos, foi morto em casa, amarrado, esfaqueado e asfixiado com um cinto e ainda teve o dedo mínimo da mão esquerda arrancado.
Na quinta-feira, os policiais identificaram e prenderam os dois homens contratados por Odete para cometer o crime. Eles disseram que ela havia prometido R$ 10 mil para que o matassem. Desse montante, R$ 500 já haviam sido pagos como sinal e, caso houvesse crueldade na morte, ela ainda pagaria um “bônus” aos assassinos. Carlos Jhonatas de Oliveira Nunes, 20 anos, foi preso com o revólver calibre 38 do aposentado. Marcelo Josué da Silva, 19 anos, indicou onde estava o relógio e os celulares de Schuck e de Odete.
Por último, revelou aos policiais da 1ª DP de Cachoeirinha onde estava uma mochila. Dentro dela, enrolado para presente, o dedo de Schuck. Conforme o chefe de investigações da 1ª DP de Cachoeirinha, Eduardo Vieira, Odete foi autuada em flagrante. O juiz homologou o flagrante, mas relaxou a prisão de Odete, que foi solta.
Ao mesmo tempo, a polícia solicitou a prisão preventiva dela, na terça-feira. O pedido só foi analisado na quinta-feira pela Justiça, que ordenou a prisão da mulher.
– Estivemos nos endereços que ela forneceu, mas não a encontramos – explicou Eduardo, que pretende hoje retomar as buscas.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Esta é justiça brasileira, atrapalhada pela forma distante, burocrata e de descaso no agir e de se pocionar diante dos delitos. É por este e outros motivos que defendo a urgente aprovação da lei que cria a figura do juiz de garantia, bem como uma urgentíssima reforma dos sistemas normativos e judicial para estruturarem um Sistema de Justiça Criminal capaz de agilizar processos, desburocratizar, melhor as comunicações e integrar os instrumentos de coação, justiça e cidadania na preservação da paz social, da vida e do patrimônio dos cidadãos. Só no Brasil a polícia parece não ser integrante do Sistema de Justiça Criminal. O prêmio INNOVARE é prova deste sentimento ao buscar soluções apenas nos ambientes do Judiciário, do MP, da Defensoria e dos Advogados. Esta forma de fazer justiça é que mantem o Judiciário dependente e distante do esforço policial, proporcionando morosidade na abertura dos processos e relações burocratas que podem levar a equívocos como este.
Entenda o caso |
- Ari Schuck foi morto por volta das 2h do dia 22, terça-feira. Ele foi asfixiado com um cinto, teve o dedo mínimo arrancado. Odete Bortolini, namorada do policial aposentado, foi amarrada pelos assassinos e colocada na cozinha. Ela nada sofreu. O revólver calibre 38 da vítima foi levado. |
- A polícia suspeitava de uma encenação. Na noite de terça, Odete confessou ter encomendado o crime, com a intenção de roubar o revólver que Schuck guardava no cofre. Motivo: o pânico de armas que sentia. A Polícia Civil, no entanto, acredita que o crime tenha motivação financeira. |
- Na mesma noite, Odete foi autuada em flagrante e encaminhada para a Penitenciária Feminina Madre Pelletier. Ao mesmo tempo, a polícia enviou para o Fórum de Cachoeirinha os documentos do flagrante com o pedido de prisão preventiva. |
- O juiz de plantão recebeu os documentos e decidiu relaxar a prisão. Ela foi solta na quarta, às 14h. O pedido de prisão preventiva não foi julgado durante o plantão, passando a decisão para o juiz titular da Vara Criminal do município. |
- Na quinta, a polícia prendeu os dois supostos executores do assassinato, que afirmaram ser Odete a mandante do crime. Para matar Schuck, segundo a dupla, ela pagaria R$ 10 mil aos dois, e um “bônus” em caso de tortura. Os dois foram levados ao Presídio Central. |
- Na manhã de quinta, a 1ª DP de Cachoeirinha comunicou a promotoria, que informou a Justiça. Com base nas novas informações, a prisão preventiva foi decretada na tarde de quinta-feira. A polícia foi em busca de Odete no mesmo dia e na sexta-feira, mas não a localizou. Desde então, ela é considerada foragida. |
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