Gilmar Mendes eleva o tom e PT convoca militância a dar o troco
CORREIO DO BRASIL - 30/5/2012 10:47,
Por Redação - de Brasília e São Paulo
A corda que o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes
estendeu na entrevista à última edição da revista semanal de
ultradireita Veja, na qual acusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva de pressioná-lo para adiar o julgamento do processo conhecido
como ‘mensalão’, vai esticar nos próximos dias, se depender da base
nacional de apoio a Lula. Em vídeo gravado e distribuído nesta
quarta-feira, o presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão,
convoca a militância da legenda a sair em defesa do líder trabalhador.– A militância do PT precisa estar atenta às manobras que transcorrem neste momento, tentando comprometer o presidente Lula com o encontro com o Ministro do STF Gilmar Mendes, numa conversa já desmentida pelo Nelson Jobim, ex-ministro do STF, de que o Lula estaria tentando interferir nas decisões do STF. É preciso dizer que os Ministros não são suscetíveis a pressões e que seus julgamentos são sempre pautados pelos altos. Vamos desbaratar mais esta manobra daqueles que querem desmoralizar o PT, o presidente Lula, com nítidos objetivos eleitoreiros – afirmou.
Muito irritado
Gilmar Mendes voltou a acusar, na véspera, o ex-presidente Lula de centralizar a divulgação de informações falsas contra ele. Mendes elevou o tom usado em entrevista à TV Globo na noite de segunda-feira. Nela, Mendes foi bem menos incisivo e disse ter “entendido” que Lula queria pressioná-lo a tentar adiar o julgamento do mensalão. Na entrevista coletiva realizada na tarde desta terça-feira, Mendes afirmou ser vítima de uma “armação”. Ele acredita que quem divulgou informações a seu respeito estaria interessado em “melar” o julgamento do mensalão.
– Ele (Lula) recebeu esse tipo de informação. Gente que o subsidiou com esse tipo de informação e ele acreditou nela. As notícias que me chegaram era que ele era a central de divulgação disso. O próprio presidente – afirmou Gilmar, segundo o jornal conservador carioca O Globo.
Ainda na entrevista, porém, Mendes disse que nunca voou em avião de Carlinhos Cachoeira, mas que por duas vezes viajou em aeronaves cedidas pelo senador Demóstenes Torres. As duas viagens, segundo Mendes, foram de Brasília para Goiânia e realizadas em aviões de uma empresa de táxi aéreo chamada Voar. O bicheiro, no entanto, pagou uma série de viagens de Demóstenes e de seus amigos em jatinhos particulares.
Na entrevista, Mendes estava irritado e elevou o tom de voz. Segundo o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, Mendes irritara-se com as pessoas, classificadas por ele de “criminosos e gângsters”, que estavam “vazando” informações sobre um encontro entre ele e o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), em Berlim, e que a viagem teria acontecido após Cachoeira disponibilizar um avião ao senador e ao ministro.
– Não viajei em jatinho coisa nenhuma. Vamos parar com fofoca. A gente está lidando com gângsters. Vamos deixar claro: estamos lidando com bandidos que ficam plantando essas informações – disse o ministro, mas sem identificar quem seriam os supostos “criminosos”. Mendes apresentou notas e cópias de suas passagens aéreas que teriam sido emitidas na TAM pelo Supremo Tribunal Federal.
Em seu ataque ao ex-presidente Lula, Gilmar Mendes chegou a a firmar que está em curso uma ação para enfraquecer o Supremo e que o Brasil “não é a Venezuela de Chávez”, que teria mandado prender o juiz ao ser contrariado por ele.
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