Jornal do Comércio - 30/05/2012
Cláudio Leite Pimentel - Advogado
Coloca em posições antagônicas e delicadas pessoas da mais alta representatividade social e política; envolve o confronto de Poderes da República quase as vésperas de um dos julgamentos mais aguardados da história jurídica do País. Caberia verificar a quem interessa esta discussão, que mais parece uma briga de lavadeiras (que me perdoem as lavadeiras), esquecendo-se os personagens principais de seus papéis e de sua responsabilidade. Levam o País a uma crise de credibilidade, fundados certamente em suas personalidades egocêntricas e desapegadas, ao que parece, dos republicanos interesses do País.
O ex-presidente Lula parece esquecer que na verdade quem está em julgamento com o caso “mensalão” é, de forma direta, o seu governo; já o ministro Gilmar traz a lume um tema que o vincula ao vilão da vez, Carlinhos Cachoeira, fonte inesgotável de escândalos. Aliás, com o devido respeito, o ministro Gilmar já deveria ter deixado a Suprema Corte. Talvez nunca devesse ter assumido tal posto. Não se discute o seu conhecimento jurídico, mas sim uma conduta em nada adequada a um cargo do qual se espera discrição, simplicidade, equilíbrio, ponderação e conduta compatível com tal mister.
Ocorre que a Suprema Corte virou, na pessoa de alguns ministros, um local de falta de ponderação, de equilíbrio, de sensatez e de respeito às tradições daquela instituição. Ministros batem boca publicamente entre si, se ofendem, dizem ser uns e outros despreparados, inadequados e incapazes de exercer aquele ofício. Julgamentos tecnicamente inadequados, pobres e desapegados do compromisso com a ciência jurídica e social, gerando, com isto, absoluta insegurança jurídica e institucional. Os julgamentos estão pautados pela mídia.
Nunca se viu debates que não fossem de alto nível entre ministros como Neri da Silveira, Paulo Brossard, Moreira Alves e Sepúlveda Pertence. Certamente havia discussões, mas técnicas e não comportamentais. A crise é gravíssima e parece inexistir no País uma liderança política ou lideranças políticas que possam colocar os Poderes e seus membros a conviver harmonicamente entre si, guiados pelo respeito ao texto constitucional e, principalmente, por princípios de moral e ética que devem pautar a conduta dos homens de bem.
Advogado
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