Dom Dadeus Grings - A Voz do Pastor
JORNAL DO COMÉRCIO, 10/05/2012
A problemática dos crucifixos leva-nos a parafrasear
o que S. Paulo diz na sua Primeira carta aos Coríntios (1,23): nós
pregamos Cristo crucificado, escândalo para o Judiciário e loucura para a
Liga das Lésbicas, mas para os cristãos, que constituem 92% da
população brasileira, marcados pela cruz de Cristo através do batismo, é
poder de Deus e sabedoria de Deus.
Muitas pessoas comentaram e manifestaram sua apreensão diante da atitude do Conselho da Magistratura frente aos Crucifixos, no intuito de descaracterizar a sociedade brasileira de sua cultura. Quer-se assegurar total estranheza ao Cristianismo, como se a questão fosse religiosa e não cultural. Por isso é preciso enfatizar, para os que pretendem assim dar um golpe à Igreja Católica, que não se trata de um problema que relacione Igreja e Estado, cujas relações foram firmemente consolidadas, num respeito mútuo, pelo Pacto entre o Brasil e a Santa Sé, assinado em 2008, em Roma e homologado pelo Congresso Nacional, com força de tratado internacional. O problema dos crucifixos, ao invés, envolve o Judiciário e a sociedade brasileira. Trata-se de uma questão democrática, de maioria.
A pergunta é se o Judiciário, com esta decisão, ainda representa a sociedade brasileira ou se está voltando as costas para ela, rejeitando seus símbolos mais caros, de amor, justiça e verdade, para eventualmente privilegiar uma representação lésbica da mitologia grega, pela deusa Themis, de olhos vendados. Por ironia dos fatos, corre aa acusação de uma discriminação contra o sexo oposto, rejeitando o homem Jesus, mártir da injustiça, para acolher uma mulher mitológica.
O fato de uma liga de lésbicas ter conseguido êxito na sua devassa aos valores cristãos do Ocidente aparece como sinal de grupos extremamente minoritários e radicais assumirem supremacia, com o apoio da Judiciário, sobre as tradições que marcam nossa civilização solapando a base da sociedade brasileira. Se este grupo – que não representa todas as lésbicas, visto que outras professam a fé cristã - e o Judiciário se envergonham da sociedade brasileira, tentando solapar seus fundamentos de convivência, não há que estranhar que também a sociedade, marcada por uma tradição de quinhentos anos de fé, se envergonhe deles.
Reafirmamos nossos valores sociais e nossos símbolos mais sagrados para atestar a busca da paz social, da fraternidade universal, do amor incondicional, da salvação que vem de Deus, da honestidade que garante a contextura social, da fé no transcendente a garantir perenidade à vida humana. A Cruz, para nós, bem como para grande parte da humanidade, mesmo fora do cristianismo, sintetiza a dimensão transcendente do amor a Deus com a dimensão imanente do amor ao próximo.
Convém frisar que não foi a Igreja católica que colocou os crucifixos nos tribunais de Justiça. Tirando-os dali os juízes da magistratura ofendem sua própria tradição e todos os juizes que os precederam, que os tinham como símbolo de fé e imparcialidade. Esperam os que o crucifixo continue a constituir a força de Deus e a sabedoria de Deus também para os servidores do Judiciário. Quem tem fé sabe e experimenta. Não se deve, porém, esquecer que o modo de viver de uma sociedade não é determinado por uma minoria, nem pode ser por ela obstacularizado, se não se quiser configurar uma ditadura e suprimir a democracia.
COMENTÁRIO: Dom Dadeus Grings é um dos bravos lutadores que critica com veemencia as mazelas do Poder do Poder Judiciário, pois são estas mazelas que estão impedindo a aplicação coativa das leis, a confiança na justiça, o fortalecimento da autoridade, a paz social e o término do terror e da impunidade no Brasil. Entretanto, as críticas de Don Dadeus ficam jogadas ao vento sem produzir qualquer eco nas vontades dos parlamentares, governantes e magistrados em mudar o "status quo" de imobilismo, compadrio e má-vontade. Sugiro ao pároco que siga o exemplo do pároco italiano Don Luigi Ciotti* e lidere uma grande manifestação popular mostrando a indignação do povo brasileiro num volumoso abaixo-assinado colocado nas portas das igrejas em todo o Brasil. Tenho certeza que o povo brasileiro responderá de pronto com a sua assinatura e apoio incondicional. Muitas pessoas comentaram e manifestaram sua apreensão diante da atitude do Conselho da Magistratura frente aos Crucifixos, no intuito de descaracterizar a sociedade brasileira de sua cultura. Quer-se assegurar total estranheza ao Cristianismo, como se a questão fosse religiosa e não cultural. Por isso é preciso enfatizar, para os que pretendem assim dar um golpe à Igreja Católica, que não se trata de um problema que relacione Igreja e Estado, cujas relações foram firmemente consolidadas, num respeito mútuo, pelo Pacto entre o Brasil e a Santa Sé, assinado em 2008, em Roma e homologado pelo Congresso Nacional, com força de tratado internacional. O problema dos crucifixos, ao invés, envolve o Judiciário e a sociedade brasileira. Trata-se de uma questão democrática, de maioria.
A pergunta é se o Judiciário, com esta decisão, ainda representa a sociedade brasileira ou se está voltando as costas para ela, rejeitando seus símbolos mais caros, de amor, justiça e verdade, para eventualmente privilegiar uma representação lésbica da mitologia grega, pela deusa Themis, de olhos vendados. Por ironia dos fatos, corre aa acusação de uma discriminação contra o sexo oposto, rejeitando o homem Jesus, mártir da injustiça, para acolher uma mulher mitológica.
O fato de uma liga de lésbicas ter conseguido êxito na sua devassa aos valores cristãos do Ocidente aparece como sinal de grupos extremamente minoritários e radicais assumirem supremacia, com o apoio da Judiciário, sobre as tradições que marcam nossa civilização solapando a base da sociedade brasileira. Se este grupo – que não representa todas as lésbicas, visto que outras professam a fé cristã - e o Judiciário se envergonham da sociedade brasileira, tentando solapar seus fundamentos de convivência, não há que estranhar que também a sociedade, marcada por uma tradição de quinhentos anos de fé, se envergonhe deles.
Reafirmamos nossos valores sociais e nossos símbolos mais sagrados para atestar a busca da paz social, da fraternidade universal, do amor incondicional, da salvação que vem de Deus, da honestidade que garante a contextura social, da fé no transcendente a garantir perenidade à vida humana. A Cruz, para nós, bem como para grande parte da humanidade, mesmo fora do cristianismo, sintetiza a dimensão transcendente do amor a Deus com a dimensão imanente do amor ao próximo.
Convém frisar que não foi a Igreja católica que colocou os crucifixos nos tribunais de Justiça. Tirando-os dali os juízes da magistratura ofendem sua própria tradição e todos os juizes que os precederam, que os tinham como símbolo de fé e imparcialidade. Esperam os que o crucifixo continue a constituir a força de Deus e a sabedoria de Deus também para os servidores do Judiciário. Quem tem fé sabe e experimenta. Não se deve, porém, esquecer que o modo de viver de uma sociedade não é determinado por uma minoria, nem pode ser por ela obstacularizado, se não se quiser configurar uma ditadura e suprimir a democracia.
*Nota: Em 1995, na Itália, Don Luigi Ciotti, pároco, ao lado da vítimas da Máfia, entre elas a irmã do juiz Paolo Borselini assassinado em 1992, deu o início a um grande movimento popular com mais de um milhão de assinaturas exigindo leis rigorosas e o confisco de bens dos mafiosos. A pressão foi uma avalanche que atingiu todos os Poderes e a sociedade em geral, mudando a forma de enfrentamento da criminalidade e da violência.
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