Inquérito sem conclusão. Oito meses após morte de menina que recebeu vaselina na veia ninguém foi punido. O GLOBO, 04/08/2011 às 09h11m; Jaqueline Falcão
SÃO PAULO - Oito meses depois da morte da menina Sthephanie dos Santos Teixeira, de 12 anos, que recebeu, por engano, vaselina líquida na veia, ninguém foi punido. A delegacia do Jaçanã, zona norte da capital, que investiga o caso, ainda não concluiu o inquérito. A auxiliar de enfermagem que cometeu o erro e trocou a bolsa soro pela de vaselina pediu demissão do hospital.
Sthepahnie morreu na madrugada do dia 4 de dezembro do ano passado no Hospital São Luiz Gonzaga, zona norte de São Paulo. A menina havia sido internada, no dia 3 de dezembro, com quadro de virose, diarreia, febre e dores abdominais.
Desde que reconheci a auxiliar de enfermagem na delegacia, nunca mais entraram em contato comigo. No hospital, eu procuro o responsável e quando eu digo "aqui é a mãe da menina que vocês mataram", ninguém me atende.
Deprimida e com dificuldades para pagar a prestação mensal do túmulo da filha, Roseane Mércia dos Santos Teixeira, de 39 anos, reclama do descaso por parte da polícia e da direção do hospital que, segundo ela, não atende suas ligações.
- Desde que reconheci a auxiliar de enfermagem na delegacia, nunca mais entraram em contato comigo. No hospital, eu procuro o responsável e quando eu digo "aqui é a mãe da menina que vocês mataram", ninguém me atende. Estou desempregada e pagando a prestação do cemitério sozinha, com ajuda da minha mãe. Não tive qualquer assistência do hospital - conta Roseane, mãe da menina.
O delegado titular do DP do Jaçanã, Mário Guimarães da Silveira, informou as investigações ainda não foram concluídas.A Santa Casa, responsável pelo hospital, através de nota, informou que a sindicância concluiu que a auxiliar de enfermagem Katia Aragaki deveria ser demitida por justa causa, mas ela pediu demissão antes. A Santa Casa nega que tenha sido procurada pela mãe ou qualquer familiar de Sthephanie.
- Por solicitação da Superintendência da Santa Casa, o Serviço Social tentou entrar em contato (a princípio telefônico) com a Sra. Roseanne para prestar apoio no que fosse necessário, porém, não conseguiu conversar com a mãe que, por sua vez, também não retornou a ligação ao serviço social - diz nota da Santa Casa.
- Não posso mais ver pessoas de roupa branca, peguei trauma de barulho de sirene de ambulância e não consigo nem passar na rua daquele hospital. Há momentos em que eu paro e me pergunto se tudo isso é verdade, se a Sthephanie morreu mesmo. Aí fico mal. Estou revoltada. Tenho passado por psicólogas. Tenho outras duas filhas para cuidar - conta Roseane.
As parcelas do pagamento do túmulo são no valor de R$ 690 e terminam em outubro.
Sobre a enfermeira que trocou os frascos, Roseane pede que "Deus nunca as coloquem frente a frente".
A garota havia recebido duas bolsas de soro e começou a passar mal ao receber a terceira. Sthephanie sentiu as mãos formigarem e disse à mãe que iria morrer. Com embolia, a menina morreu aos 20 minutos do dia 4 de dezembro, depois de ser transferida do São Luiz Gonzaga à Santa Casa.
Depois da morte da criança, a Santa Casa de São Paulo mudou a identificação dos frascos de soros e medicamentos nos 39 hospitais que gerencia. São utilizados novas etiquetas e rótulos nos frascos, que passam a ser identificados por meio de cores, de acordo com a via de administração.
A auxiliar de enfermagem que injetou vaselina no lugar de soro e matou a menina Sthephanie afirmou em entrevista ao Fantástico, semanas após o fato, que já estava tendo a punição pelo erro.
Katia Aragaki declarou que seu cérebro "desligou". No depoimento à polícia, Katia informou que foram receitados dois litros de soro, com remédios e glicose. Katia precisou buscar mais soro, para a terceira e última dose, e se dirigiu a uma espécie de depósito. Lá, de acordo com a auxiliar, havia um grande armário com três divisões. Ela afirmou que agachou e esse soro estava na última prateleira. Ela então pegou duas garrafas que estavam uma do lado da outra, voltou para a sala de hidratação, onde a menina estava. Uma tinha soro e a outra, idêntica, vaselina.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Se tivesse o juiz de garantia e a justiça não fosse amarrada, burocrata e distante, este caso já teria audiência e decisão judiciais.
O dia em que a Justiça Brasileira se tornar sistêmica, independente, ágil e coativa, e com Tribunais fortes e juízes próximos do cidadão e dos delitos, o Brasil terá justiça, segurança e paz social.
"A Função Precípua da Justiça é a aplicação coativa da Lei aos litigantes" (Hely Lopes Meirelles)- "A Autoridade da Justiça é moral e sustenta-se pela moralidade de suas decisões" (Rui Barbosa)
MAZELAS DA JUSTIÇA
Neste blog você vai conhecer as mazelas que impedem a JUSTIÇA BRASILEIRA de desembainhar a espada da severidade da justiça para cumprir sua função precípua da aplicação coativa das leis para que as leis, o direito, a justiça, as instituições e a autoridade sejam respeitadas. Sem justiça, as leis não são aplicadas e deixam de existir na prática. Sem justiça, qualquer nação democrática capitula diante de ditadores, corruptos, traficantes, mafiosos, rebeldes, justiceiros, imorais e oportunistas. Está na hora da Justiça exercer seus deveres para com o povo, praticar suas virtudes e fazer respeitar as leis e o direito neste país. Só uma justiça forte, coativa, proba, célere, séria, confiável, envolvida como Poder de Estado constituído, integrada ao Sistema de Justiça Criminal e comprometida com o Estado Democrático de Direito, será capaz de defender e garantir a vida humana, os direitos, os bens públicos, a moralidade, a igualdade, os princípios, os valores, a ordem pública e o direito de todos à segurança pública.
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