BEATRIZ FAGUNDES. Escutas telefônicas
O SUL - Porto Alegre, Quinta-feira, 26 de Abril de 2012.
Para o advogado do senador Demóstenes Torres (ex-DEM/GO), vive-se no Brasil uma "ditadura do grampo telefônico". Não é fantástico? Uma ditadura do grampo telefônico!
Cheguei à conclusão de que as chamadas escutas telefônicas, vedetes da maioria das CPIs em todos os níveis, representam o modo eletrônico de finalmente alguém colocar o guizo no gato! É a forma mais "barulhenta" de flagrar cidadãos empenhados em organizar os mais variados modos de roubar da nação. Ontem, o advogado do senador Demóstenes Torres (ex-DEM/GO) entregou a defesa de seu cliente ao Conselho de Ética da Casa. Sobre os grampos telefônicos, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro afirmou que "há manipulação nessas conversas. Existem alguns erros que podem significar uma alteração dessa mídia, o que é uma coisa bastante grave". Em sua opinião, vive-se no Brasil uma "ditadura do grampo telefônico". Não é fantástico? Uma ditadura do grampo telefônico! O defensor insinuou que as reproduções das falas entre seu cliente e o principal acusado, o bicheiro Cachoeira, teriam sido manipuladas pelos órgãos de imprensa? Teriam os jornalistas editado as fitas e montado os reveladores diálogos já públicos? A acusação é grave.
Afinal, a população já demonstra através de pesquisas que não confia no Executivo. Acusa o Legislativo de antro de negociatas, nepotismo e corrupção. Começa a desconfiar do Judiciário através dos escândalos de juízes vendendo sentenças, habeas-corpus e liminares, enquanto recebem salários e outras vantagens muito acima do teto salarial determinado pela lei vigente. Há uma generalização perigosa no meio do povo. Só está faltando a imprensa cair na vala comum da desconfiança ampla geral e irrestrita. A propósito dessa sinistra possibilidade de o povo perder a confiança na imprensa: a experiência britânica deve por muitas barbas de molho. A comissão, presidida pelo juiz Brian Leveson, que investiga os padrões éticos da imprensa britânica e a relação entre jornalistas e políticos, foi iniciada pelo governo britânico após o escândalo das escutas no dominical britânico extinto The News of the World. Na última terça-feira, James Murdoch, filho do magnata dos meios de comunicação Rupert Murdoch, depôs após jurar sobre a Bíblia dizer apenas a verdade, tendo revelado íntimas relações com o atual primeiro-ministro James Cameron, quando este ainda estava na oposição. Seu pai, Rupert Murdoch, esteve ontem na comissão Leveson, onde foi questionado sobre suas relações com o atual e ex-primeiros-ministros britânicos como Gordon Brown e Tony Blair.
O exemplo da terra do Rei Arthur deve ser seguido aqui no Brasil se membros de órgãos da imprensa nativa apareçam de forma ostensiva nos por ora denominados grampos telefônicos, já que ainda não se traduzem em provas. Os próximos dias vão oferecer um panorama do que vai acontecer nesta comissão mista que pretende destrinchar as relações do senhor Cachoeira com governadores, senadores, deputados e demais envolvidos. Uma empreiteira, a Delta, aparece como a cereja do bolo. Diretores já presos, e boatos de uma verdadeira operação cinematográfica na qual, escutas, câmeras de vídeo e outros equipamentos de produção de provas teriam sido colocados pela Polícia Federal na sala do presidente da empreiteira. Dizem que o conteúdo das tais gravações estaria tirando o sono de uma pequena elite. Aparentemente, o estrago que esta CPI pode produzir é descomunal, podendo atingir não apenas os velhos atores de todas as escandalosas investigações políticas feitas até hoje.
Pelos boatos, teremos não apenas políticos no banco dos convidados ou convocados a contarem o que sabem, sempre jurando sobre a Bíblia dizer somente a verdade. É possível que profissionais da imprensa, da grande imprensa, venham a figurar como uma nova atração no enredo que vai ao ar a partir da semana que vem! Como a revista Veja tem sido muito comentada, uma pergunta simples já ecoa em Brasília: Se Murdoch se submeteu a comissão em Londres, porque o Civita não pode ser convidado a depor? A conferir!
O dia em que a Justiça Brasileira se tornar sistêmica, independente, ágil e coativa, e com Tribunais fortes e juízes próximos do cidadão e dos delitos, o Brasil terá justiça, segurança e paz social.
"A Função Precípua da Justiça é a aplicação coativa da Lei aos litigantes" (Hely Lopes Meirelles)- "A Autoridade da Justiça é moral e sustenta-se pela moralidade de suas decisões" (Rui Barbosa)
MAZELAS DA JUSTIÇA
Neste blog você vai conhecer as mazelas que impedem a JUSTIÇA BRASILEIRA de desembainhar a espada da severidade da justiça para cumprir sua função precípua da aplicação coativa das leis para que as leis, o direito, a justiça, as instituições e a autoridade sejam respeitadas. Sem justiça, as leis não são aplicadas e deixam de existir na prática. Sem justiça, qualquer nação democrática capitula diante de ditadores, corruptos, traficantes, mafiosos, rebeldes, justiceiros, imorais e oportunistas. Está na hora da Justiça exercer seus deveres para com o povo, praticar suas virtudes e fazer respeitar as leis e o direito neste país. Só uma justiça forte, coativa, proba, célere, séria, confiável, envolvida como Poder de Estado constituído, integrada ao Sistema de Justiça Criminal e comprometida com o Estado Democrático de Direito, será capaz de defender e garantir a vida humana, os direitos, os bens públicos, a moralidade, a igualdade, os princípios, os valores, a ordem pública e o direito de todos à segurança pública.
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