De 81 processos envolvendo políticos, Dias Toffoli deu voto favorável a eles em 53 casos. O ministro também é crítico da lei da Ficha Limpa e permitiu que candidatos com contas reprovadas pudessem disputar eleições
Izabelle TorresCOLEÇÃO FAVORÁVEL
Análise das decisões de Toffoli mostra sua indisposição em condenar políticos
O levantamento de ISTOÉ mostra que em casos de menor repercussão, sem a pressão o que cerca o julgamento do mensalão, o ministro tem sido francamente favorável aos políticos. Toffoli, por exemplo, decidiu sozinho suspender a investigação por crime de peculato contra o deputado federal Pedro Henry (PP-MT), acusado de ter contratado um piloto particular com dinheiro da Câmara dos Deputados. Os demais ministros acharam o arquivamento tão absurdo que cassaram seu veredicto em plenário. Toffoli também julgou pela rejeição de ações penais contra o deputado André Zacharow (PMDB-PR) e contra outros dois parlamentares cujos casos corriam em segredo de Justiça. Ele paralisou ainda as investigações contra o deputado estadual da Bahia Oziel Alves e devolveu o mandato ao deputado estadual no Amazonas Wilson Lisboa. E, com uma única canetada, travou as investigações criminais que corriam no Ministério Público do Paraná sobre o escândalo dos “Diários Secretos” da Assembléia Legislativa.
BENEFICIADOS
Toffoli decidiu a favor do senador Jader Barbalho (acima)
e foi o único a votar pelo fim da prisão de Arruda (abaixo)
Esta sequência de pareceres isolou Toffoli
dentro do próprio Supremo. Ministros ouvidos por ISTOÉ avaliam que ele
ainda não conseguiu se desvencilhar das simpatias partidárias. “Ele
deveria se declarar impedido de realizar vários julgamentos dos quais
participou”, avalia um ministro do STF. Das 451 decisões monocráticas,
por exemplo, em apenas uma ele se colocou sob suspeição. “O juiz tem o
compromisso de se autoavaliar. Tem o dever de julgar apenas casos com
condições de ser realmente imparcial. É uma tarefa que a experiência
ensina e alguns demoram a aprender”, comenta um antigo integrante da
corte. “As paixões precisam abandonar nosso corpo quando assumimos a
função de ministro. Nunca fiz levantamentos sobre como meus colegas
decidem. Mas cada um tem um perfil e isso aparece nos votos”, avalia
outro colega de Toffoli.
A ligação de Toffoli com o mundo político também se reflete nos julgamentos em plenário. Durante a apreciação de processos, o ministro defende a liberdade de acusados e critica abertamente propostas importantes como a Lei da Ficha Limpa. Nessa toada, reformulou decisões do Tribunal Superior Eleitoral que negavam registros de candidaturas a quem respondia a processos na Justiça. Na contramão do entendimento de outros ministros do STF, Toffoli rejeitou as duas ações apresentadas por parlamentares que tentavam impedir a posse dos senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). Ambos foram enquadrados na Ficha Limpa. O ex-advogado-geral da União, em sua curta trajetória no Supremo, também beneficiou governadores. Aceitou os argumentos para manter a aposentadoria vitalícia de governadores de Mato Grosso e foi o único ministro da corte a votar o fim da prisão preventiva do então governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, que caiu na operação Caixa de Pandora em 2010. Ironicamente, outros ministros do STF já chamam as decisões de Toffoli de “votos camaradas”.
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