ZERO HORA 23 de outubro de 2015 | N° 18333
EDUARDO TORRES
OPERAÇÃO ATRIUM, AÇÃO DO DENARC desarticulou quadrilha que atuava no crime ao lado do Fórum da Restinga, no extremo sul da Capital. Com organização empresarial, bando era setorizado por tipo de droga
Dar um golpe no ponto conhecido na Restinga, extremo sul de Porto Alegre, como Maconhão, na Rua Jacques Yves Costeau, era o principal alvo da Operação Atrium, desenca- deada na manhã de ontem pelo Departamento Estadual de Investigação do Narcotráfico (Denarc). Foram presas 11 pessoas durante a ação, e cumpridas ordens de prisão contra outros seis detentos em cadeias no Estado.
O bando mantinha bocas de fumo na rua lateral ao Fórum da Restinga – o muro ao lado da sede do Judiciário tinha pichado o apelido do patrão: “Alemão”. A parede foi pintada pela polícia ontem.
– O Maconhão tem histórico no bairro. Tinha organização quase empresarial. Toda contabilidade e venda de drogas era setorizada. Uma célula controlava a maconha, outra, a cocaína e outra, o crack – afirma o delegado Thiago Lacerda, responsável pela investigação que durou 10 meses.
O principal objetivo da ação que contou com cem policiais era atacar o núcleo de venda de crack, cuja gerência atual, segundo a investigação, ficava nas mãos de Simone de Rezende. Ela tinha prisão temporária decretada pela Justiça e acabou flagrada com um revólver. Entre os materiais apreendidos com Simone, a polícia recolheu um celular com imagens de armamento pesado. A suspeita é de que negociasse compra de armas para a quadrilha.
Em junho, quando a investigação derrubou um centro de distribuição de crack da quadrilha, Simone foi ouvida no Denarc. Em seguida, conforme apurou a polícia, julgando que o local havia sido denunciado, ela teria dado a ordem para que um inimigo fosse executado, mas o tiro falhou.
UM DOS LÍDERES SEGUE FORAGIDO
Ao todo, foram apreendidos na ação de ontem quatro revólveres – três calibres 38 e um calibre 32 – e pequenas quantidades de entorpecentes e dinheiro.
Alexandre de Lima Lacortte, o Nê, é apontado pela investigação como o cabeça nas vendas de cocaína daquela região. Um dos principais alvos da operação, segue foragido.
– Aquele ponto também é conhecido como Boca do Nê, porque habitualmente ele fazia a linha de frente. Mesmo que tenhamos apurado que o Alemão Máscara (Airton de Rezende) tenha mais poder, a imagem fica por conta do Nê – explica Lacerda.
Apontado também como um dos matadores do bando, Nê coleciona inimigos. Desde 2011, já teria sofrido ao menos 10 tentativas de homicídio a tiros na Restinga.
Os outros dois suspeitos de liderar a quadrilha tiveram ordens de prisão cumpridas no Presídio Central. Airton de Rezende, o Alemão Máscara, coordenaria a venda de crack. Por isso, teria repassado à irmã, Simone, a gerência dos negócios. César Isaac Goulart de Oliveira, o Bolinha, coordenaria o comércio de maconha.
Segundo o delegado, a quadrilha montou ainda uma rede de pessoas sem antecedentes que recebiam valores para guardar armas, munições ou drogas. Alguns dos presos ontem estavam entre os depositários da quadrilha.
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